Mapeamento dos conflitos territoriais e incompatibilidade de uso

Analisando os parâmetros de ocupação do zoneamento que atinge a Praia do Futuro I, comparados com a realidade do bairro, podemos identificar que o principal conflito territorial é a questão das barracas de praia, que localizam-se numa Zona de Proteção Ambiental (ZPA).

Como já mencionado anteriormente, os parâmetros de ocupação de uma ZPA não permitem construções. Além disso, as barracas de praia estão em território pertencente à União, que já entrou com medidas judiciais para a remoção das mesmas. As barracas configuram-se também como barreiras para a população que deseja andar livremente pela praia, já que algumas delas proíbem a ocupação de um lugar sem que haja consumo dos serviços oferecidos por elas.

Para o economista e ambientalista João Saraiva, os empreendimentos que foram construídos na praia dificultam o acesso das pessoas ao mar. Ele afirma que a ocupação de parte do litoral causa danos ambientais, desde a contaminação do solo, através da produção de resíduos, à poluição do lençol freático, devido à falta de esgotamento sanitário. “Os interesses meramente econômicos não podem sobrepor aos interesses da coletividade”, argumenta.

Outro conflito relacionado às barracas de praia, são os ambulantes que coabitam esse espaço, gerando conflito de interesses entre os empresários e os moradores que buscam no comércio informal o sustento da família.

Notamos também que existe outra incompatibilidade de uso no que se refere aos terrenos de especulação imobiliária que encontram-se dentro das ZEIS, bem como os condomínios de luxo que se estabeleceram nessa região, indo de encontro com a proposta inicial do zoneamento, que previu naquela área, o uso para habitação de interesse social.

Para além do território das ZEIS, existem outros territórios de especulação que ocupam quadras inteiras, colaborando para o cenário quase desértico do bairro.

Além disso, na região que compreende a ZIA, é um espaço que pode ser ocupado com moderação e que encontra-se praticamente vazio, gerando maior especulação nas áreas mais próximas a praia.